sexta-feira, junho 15, 2007

O objecto


Há que dizer-se das coisas
o somenos que elas são.
Se for um copo é um copo
se for um cão é um cão.
Mas quando o copo se parte
e quando o cão faz ão ão?
Então o copo é um caco
e um cão não passa dum cão.

Quatro cacos são um copo
quatro latidos um cão.
Mas se forem de vidraça
e logo foram janela?
Mas se forem de pirraça
e logo forem cadela?

E se o copo for rachado?
E se o cão não tiver dono?
Não é um copo é um gato
não é um cão é um chato
que nos interrompe o sono.

E se o chato não for chato
e apenas cão sem coleira?
E se o copo for de sopa?
Não é um copo é um prato
não é um cão é literato
que anda sem eira nem beira
e não ganha para a roupa.

E se o prato for de merda
e o literato de esquerda?
Parte-se o prato que é caco
mata-se o vate que é cão
e escreveremos então
parte prato sape gato
vai-te vate foge cão

Assim se chamam as coisas
pelos nomes que elas são.

José Carlos Ary dos Santos

2 comentários:

Oppenheimer disse...

Pensavas que eu não te descobria o teu cantinho íntimo. Para Pasárgada... Não te desejo que lá vás parar. Aquilo já não é o que era. Podíamos era fundar um blog a dois chamado L'Empire... Abraço.

Bacelar disse...

e dizias tu q n conhecias "o objecto"...


pega este do gedeao

http://natura.di.uminho.pt/~jj/musica/html/gedeao-fechoEclair.html


abraço!